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Ricardo Cavallini

Alguém aí acha que a lei de dados vai "pegar"?

UOL Tecnologia

14/10/2019 04h00

Quem aqui está otimista com a LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados, levanta a mão.

Preciso da sua ajuda para ficar otimista também. Por favor, comente por que você acredita que a lei vai pegar no país onde as leis não costumam pegar.

Será a multa? Alguém me lembrou outro dia que as empresas de telecomunicações pagam apenas 12% das multas aplicadas pela agência reguladora do setor, a Anatel.

O mercado de Telecom é apenas um exemplo. Com a velocidade de nossa Justiça e a leniência de governos, fica fácil não ligar para o consumidor.

Como sabemos, as agências reguladoras foram politizadas, perderam a participação da sociedade civil e estão sempre sem orçamento necessário para realizar seu trabalho com eficiência.

E o que falar dos dados que são cuidados pelo Estado? Vocês estão acompanhando o vazamento de dados de quase uma centena de milhões de pessoas pelo Detran?

Como vamos controlar e punir o setor público, que raramente é punido por suas falhas e falcatruas?

A esperança talvez venha de fora, assim como aconteceu com a SOX, lei criada nos EUA para evitar novos escândalos como Enron e WorldCom. Empresas norte-americanas e europeias terão problemas legais caso seus parceiros estrangeiros não se enquadrem nas mesmas condições.

A GDPR, lei da União Europeia para proteção de dados, já está forçando as empresas do mundo todo a se adaptarem.

Empresas brasileiras que exportam seus produtos ou se relacionam com empresas gringas talvez se sintam pressionadas a proteger melhor seus dados para não perderem negócios.

O mais triste disso tudo é ser novamente relegado a colônia: ter esperança que a melhora venha de fora, da pressão das empresas e governos estrangeiros.

Então, peço aos otimistas que escrevam nos comentários algum motivo para que eu fique mais animado com a nova lei.

Sobre o Autor

Ricardo Cavallini é jurado do programa Batalha Makers Brasil, fundador da plataforma Makers e criador do RUTE, o kit educacional eletrônico mais acessível do mundo. Já escreveu seis livros sobre tecnologia, negócios e comunicação, foi apontado como uma das mentes mais inovadoras do setor no Brasil e recebeu dezenas de prêmios internacionais. Além de ter fundado a primeira agência digital do país, foi diretor de empresas como F/Nazca Saatchi & Saatchi, Euro RSCG 4D, W/Brasil e Organic inc. Na WMcCann, era vice-presidente de convergência.

Sobre o Blog

No blog, vai trazer dicas, debates e os vídeos que faz para quem curte o universo maker --sempre com uma linguagem fácil, para quem ainda não é expert.